quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O Eterno Retorno

Foto/Reprodução: Instagram

Eu vou me encontrar onde eu me perdi. Cada dia que passa eu tenho mais certeza de que estou caminhando pra mim mesma, não apenas como autoconhecimento, mas como o encontro de alguém que se perdeu no mundo e pelo mundo. Eu só me enxergo quando estou de fora porque no espelho eu sou aquilo que quero projetar... A verdade é um pouco mais complexa de se alcançar. É uma catarse de Édipo todos os dias para os que tem coragem e vontade de procurar...

Nesse ponto, vejo como a literatura clássica é sábia. Como a mitologia revela a alma humana de forma simples e por metáforas que me fazem entrar em êxtase. E o êxtase acontece quando meu olhar persephiano sobre o mundo é uma eterna primavera... Identifico cada dia mais, episódios de uma epopeia em minha vida singular, cenas de tragédia nos meus dias tão simplórios e completas peças de comédia no meu tropeçar. As dualidades são expostas e os traumas entendidos.

Com o passar dos anos vamos percebendo e identificando como os velhos ditados fazem sentido na nossa vida. Depois de muito caminhar, conseguimos enxergar uma estrada inteira e só aí entender o sentido de cada passo que no início parecia controverso, duvidoso, arriscado e sem direção. Cada dia que passa, enxergo mais a vida como um ciclo. E enquanto não fechamos todos os ciclos não é possível sair da rotatória. A vida o fará andar em círculos até que o aprendizado se concretize. E não falo aqui de Deus, ou mitologia, ou astrologia, ou qualquer coisa "do além". A metáfora do texto é apenas uma forma de contar a vida de uma forma mais poética. Porque é disso que a vida precisa, uma dose de poesia. Porque a vida nada mais é do que o quanto de metáforas podemos criar com a linguagem.

A vida é simples, bonita e um tanto perigosa pra quem acha que sabe viver. E aqui mais uma vez não se trata de um conselho de mãe que diria pra não dirigir bêbado, mas apenas pra alertar que todos erramos e que todos pagaremos pelos nossos erros e não como forma de castigo divino, mas porque toda ação gera uma reação, e por isso, as consequências são inevitáveis. Talvez as consequências sejam "amenizáveis", mas o importante mesmo do aprendizado da vida não é não errar mais, mas saber lidar com o erro, até porque, erro é um conceito que depende muito de situação, realidade, cultura e condições. E muitas vezes a dúvida que gera o erro é o que mais nos excita...

Se tornamos os momentos mágicos ou se de fato há magia nesse mundo, eu não sei... Eu me sinto livre... Vou trilhando conforme as sementes que deixo por aí, porque ninguém colhe aquilo que não plantou... Meu olhar persephiano agora vê a primavera, sente a brisa... porque a magia está simplesmente na entrega de sentir o mundo simplesmente pelo que ele é... Eu respiro fundo... abro os olhos e é primavera... Nesse ponto, em que enxergo cada vez mais o início da rotatória com mais nitidez, só posso esperar que envelhecer realmente é algo prazeroso para a mente. Por mais que o mundo se torne mais nítido e por isso mais "sujo", o medo, a insegurança e a incerteza são cada dia menores.

Às vezes me pergunto se em algum ponto, os círculos se encontram, e é claro que não tenho resposta. A sensação de pensar nisso é como um quê de nostalgia... Rodando em círculos, passando por pontos que parecem já percorridos mas com novas sensações, com sensações a menos e fica aquele gostinho de quero mais, seja como for... E perseguimos como palhaços correndo em torno de um carrossel sem nunca chegar ao final... mas sempre enxergando o início... e o início nos faz correr mais e mais para o final.

Enfim, é só mais um texto de alguém que busca um sentido para a vida todos os dias, e que o encontra nos mais singelos sinais de que a vida existe por si só, porque a busca é o sentido... A vida não precisa de corpo, matéria ou ser, ela simplesmente é e eu a deixo ser...

Nenhum comentário:

Postar um comentário