quinta-feira, 24 de maio de 2018

De Pijama é Mais Gostoso ;)

Foto/Reprodução: Instagram

Quem nunca fez yoga de pijamas que jogue a primeira pedra...

Lembro que na primeira aula de yoga, quatro anos atrás, o primeiro ensinamento que recebi foi que a filosofia do yoga é amor e que a gente não deve se agredir. Quem se agride, agride o outro. So obviously.

Mas embora eu tivesse ido buscar autoconhecimento, eu idealizava sair de lá super flexível e com autocontrole impecável, para inclusive, controlar o mundo.

É óbvio que com esse objetivo eu jamais pude cumprir a filosofia de não me agredir e jamais pude estabelecer uma conexão profunda comigo mesma. Eu apenas me criticava “nossa Aline mas essa sua flexibilidade parece de uma velha de 90 anos”. Era um sofrimento ritmar respiração e movimento, corpo e mente.

Também não vou falar que não aproveitei nada porque aprendi muita coisa sim, mesmo que não tenha praticado e vamos pegar leve, eu era uma pedra bem bruta rs, qualquer avanço foi um avanço.

Lembro que em uma aula em que o foco era aprender os vários tipos de respiração, controlar o ar que entra, o ar que sai, quanto entra, quanto sai e em quanto tempo, eu sai extasiada pensando “eu tenho o controle de alguma coisa”. Não à toa, no caminho pra casa naquele dia, eu travei a coluna, “amor”, disse o universo, “você não tem controle de nada, fica na sua”.

Passaram-se anos e eu fui fazer outras coisas, teve até dias nesse período de tempo em que eu estendi aquele tapete mas a conexão não aconteceu. Só rolou minha cobrança de ser perfeita e minha insatisfação de não conseguir fazer as coisas como eu queria.

Ontem, porém, foi um dia mágico. Eu tinha planejado ir nadar depois do trabalho mas o ônibus demorou tanto que não deu tempo. A espera de 30 minutos pelo ônibus que geralmente vinha em 5, me deixou extremamente ansiosa e frustrada. Quando ele, enfim, chegou, eu pensei no caminho: “vou chegar em casa e vou fazer yoga, vai ser tão bom quanto nadar”.

Cheguei em casa, tomei banho, coloquei meu pijama, ascendi um incenso, estendi meu tapete azul, cor de céu e, em paz, comecei.

Em seis minutos eu já percebia a sincronia da minha respiração com os movimentos. Eu fazia os alongamentos, doía, imagina... pelo menos quatro anos sem praticar... Eu sentia partes do meu corpo que estavam adormecidas, eu sentia a minha circulação esquentando as extremidades.

Suportava a dor em seu nível tolerável por 20 segundos, voltava à posição inicial com calma e agradecia cada músculo que trabalhou naquele momento. Agradecia a mim mesma por me dar a oportunidade de sentar naquele tapete, de não me exigir perfeição e de deixar fluir. Percebia minhas imperfeições e desalinhamentos. Sorria. Pensava: "como a imperfeição também pode ser bonita!" Ela é única, isso tudo sou eu.

A Aline de quatro anos atrás teria se estressado mais ainda por não atingir a performance idealizada, mas a Aline de hoje apenas agradece o fato de saber respeitar seus próprios limites. Abraça e solta a energia que passa e acolhe a energia que fica. Recicla a energia que veio pra se transformar. Eu apenas observo isso tudo e me espanto. Com esse novo eu e com como é muito mais fácil quando a gente faz o que vem de dentro em vez de buscar fora a nossa própria fonte interna.

A conexão, a sincronia e a paz eram tão grandes que depois de terminar, eu sentei no meu tapetinho e meditei... Na verdade, eu já estava em estado meditativo... foi tão fácil, nunca foi tão fácil meditar. Eu finalmente entendi, assumi e coloquei em prática a filosofia yoga “não se agrida”. Não há amor maior que se respeitar, em qualquer gênero ou grau.

Namaste
Haribol

Observação: sai do tapete para a cama, estava super relaxada e dormi a melhor noite de sono em anos. Façam yoga antes de dormir e de pijamas. Não há combinação melhor pra dormir com os anjos.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

A Partida de Saturno

Foto/Reprodução: Instagram

Um texto dedicado a Shiva: um dos deuses supremos do hinduísmo, conhecido também como "o destruidor e regenerador" da energia vital e criador do Yoga, devido ao seu poder de gerar transformações, físicas e emocionais, em quem pratica a atividade. 

Quando eu trintei, dois anos atrás, eu me propus a fazer 30 coisas que nunca havia feito na vida naquele ano todo. Foi divertido a lot!

Agora estou com 32 rumando os 33 e me vejo resgatando coisas que deixei pra atrás e ao mesmo tempo buscando coisas novas. Me sinto num movimento macio do pêndulo que busca a sabedoria do que passou e a inquietude da novidade.

Saturno que retornou aos meus 28, deveria ter partido ano passado após 4 anos de cobranças. Porém, como sou muito sortuda, na minha última revolução solar, continua lá, Saturno em meu signo Natal.

Estou encarando o quinto ano seguido desse planeta pesado nas minhas costas. Mas, sou daquelas que acredita que há males que vem pra bem. Afinal, com 7 planetas em Sagitário seria impossível não ser otimista, não é mesmo? Rs

Não à toa, esse quarto setenio de Saturno em Sagitário vem gritando por autoconhecimento, equilíbrio entre meu corpo animal instintivo, minha mente super racional e minha flecha mirada para os sonhos e desafios mais difíceis.

Quando esse astro voltou em 2014 eu sai pra um sabático. Joguei muita coisa pra cima pra abraçar outras. Conheci tantas filosofias diferentes pra construir a minha própria através de um sincretismo do oriental + ocidental, do profano + sagrado. Pra me arriscar no oposto de tudo que eu já conhecia.

Eu tenho sentido esse ano como um ano do deixar ir. Um ano de outono. Um ano de lua minguante. E por mais que isso possa soar triste, e de fato é, eu vejo tanta beleza nisso tudo. Lá vai o velho pra dar espaço pro novo entrar. E esse novo sou eu mesma.

Cada dia que passa eu fico mais encantada com o movimento da vida. Como as energias fluem, como as pessoas se atraem e se reencontram. Independente de qual seja a função das pessoas na nossa vida, elas têm sim, o momento certo pra chegarem e partirem. E esse aqui é só um parênteses para agradecer o universo por me trazer de volta tantos amigos que estavam distante e tantos novos que estão no mesmo momento que eu.

Mas... voltando ao propósito desse texto que era falar sobre a partida de Saturno, que sim, devido ao seu peso e tamanho, não é um movimento easy to handle it. Eu estou sentindo esse terremoto há pelo menos 6 meses, e agora, no ápice de seu trânsito de partir, eu cheguei a uma das conclusões mais confortantes desses 32 anos.

Eu estou mudando sim, como sempre mudei na vida. Mas estou mudando como um desabrochar. Eh diferente e eu não sei definir bem, mas sei explicar. Eu não estou no 8 ou 80 que sempre foram meus rompantes de mudança. Não é equilibrado porque o equilíbrio é impossível. Eu diria que é ponderado.

E por isso, eu resolvi nesses 32 anos, me propor a acolher 16 coisas que me fizeram bem e de alguma forma tem voltado pra minha vida e fazer 16 coisas que nunca tentei antes.

Isso representa que a Aline antiga e a Aline nova podem andar de mãos dadas. Elas não precisam se destruir pra que uma de espaço pra outra. Elas só precisam entrar em acordo sobre qual será o momento de cada uma daqui em diante.

Saturno traz sabedoria, ou os trinta, como os mais céticos queiram chamar. Basta fluir com o movimento da vida. Basta deixar ir como o outono. Basta acolher como a primavera. Basta se despir como a lua minguante e se vestir com os raios do sol.

O caminho é longo mas o trajeto pode ser prazeroso. Basta sentir a brisa da manhã e seguir as estrelas no final do dia. As constelações que apontam o futuro são as mesmas que registraram nosso passado.

O poder do agora é apenas deixar fluir.

sábado, 5 de maio de 2018

Lua Minguando

Foto/Reprodução: Instagram

Minguar: tornar-se menor, ou menos abundante; diminuir, reduzir-se, escassear.

Verbo transitivo direto e intransitivo.
Em transe, me esvaia de mim mesma.
Lua em escorpião, casa 8, minguando pela morte de um eu que se desfazia na imensidão do céu.
Sentia um emaranhado de emoções que não fluíam, era necessário deixar ir.
Tudo estava tão confuso que era impossível pegar qualquer emoção para expurga-lá.
Pensei logo, culpa da lua. Tenho me sentido extremamente regida pelas fases deste astro.
A mesma lua que me encheu de luz e brilho na sua fase cheia tem me feito minguar esta semana.
Que noite exaustiva. Era como um parto de um ser que não existia. De algo que jamais fecundou.
De fato, um ser que se foi. Descobri que pior que não ser o ser que fui ainda não sou um novo ser. Estou me transformando.
Na fase que se esvai tudo.
Fui até a janela pra procurar a lua. Ver através dela a fase que me encontro e entender o que eu sentia.
Não encontrei.
Céu vazio.
Forma escondida.
Era assim que eu me sentia. Queria me esconder e me sentia vazia.
Eu procurava uma lua branca, cheia, iluminada e no topo do céu.
Olhar errado.
Essa forma que eu procurava já não existia. Se foi. Céu vazio, escuro e sombrio.
Voltei pro meu sofá com um nó na garganta.
A angústia era tanta que eu queria sair do meu próprio corpo. Transcender. Voar.
Eu precisava de ar. Voltei a janela para fumar.
Foi aí que sem procurar nada no céu. Sem expectativas e formas pré definidas. Lá estava ela.
Vi vários pontos vermelhos no céu como se tivessem soltado fogos de artifício.
Achei estranho. Parecia fogo no céu. Queimava mais que o sol.
Firmei a vista pra ter certeza.
A superfície da lua, independente de sua fase, mostra sempre seu contraste das terras altas e mares.
As terras altas são iluminadas e os mares, resultado dos grandes impactos de meteoritos, são sombrios.
Eis que essa parte sombria da lua, hoje, se camuflava com o tom cinza escuro do céu de São Paulo, sujo.
Eu, com os olhos firmes e fixos naquela forma que se desmanchava via toda minha história se queimar naquele vermelho larva.
Lá estava a lua a minguar. Lá estavam todos os meus karmas a queimar.
Vermelha, sangrando, baixa, grande, ebulindo em emoções indefiníveis, irreconhecíveis. Pela metade.
Me esvaindo de tudo que me encheu na última semana.
E eu me perguntava o que dali iria restar.
Lembrei que assim como as árvores que deixam ir as folhas no inverno pra reflorescer, ali estava a lua no seu ciclo de deixar ir o que não lhe pertencia mais.
Me acalmei. Aceitei tudo. Me reconectei e deixei fluir.
A transcendência que eu precisava era a transmutação que acontecia.
Agradeci tudo que já se passou, me perdoei e lembrei que depois de minguar a lua nova há de brilhar com um novo ser.
Transformação.